Por muito tempo eu fiquei trancada em mim tentando descobrir o porquê das coisas e aonde todos os acontecimentos imediatos iam parar ou se iriam à diante. Na maioria das vezes os planos não deram certo. Os pensamentos foram perdidos e a minha vontade afetada.
Não adianta fazer planos. Ficar criando historias mentais. As coisas raramente acontecem como o imaginado. E, no fim das contas, é isso que faz da vida uma eterna aventura. Um salto no desconhecido. Pois, por mais que existam planos, há também o sim e o não, e, principalmente, o acaso.
Acredito que existem pessoas que nascem para viver mais, amar mais, gozar mais, sofrer mais, gostar mais.
Pessoas inquietas. Almas inquietas. Desejos mais ousados. Impaciência paciente.
A inquietude se torna tão constante no viver dessas pessoas, que se acostumar com esses altos e baixos se torna essencial para tentar equilibrar e ponderar o dia-a-dia.
Nesses indivíduos se encontra a paz e a guerra, o amor e a paixão, momentos de muita sanidade e instantes de pura loucura. Pessoas antitéticas que têm sentimentos múltiplos e variáveis, coração na mão e mente aberta.
O dia nasce. Um pulo da cama. Vamos viver. Hoje tudo está lindo. Quero sair, quero gritar, quero amar, quero sofrer. Afinal isso é vida.
O dia nasce. Por quê? Preguiça. Não quero sair. Muito menos amar. Vou me esconder. Logo isso passa.
Os dias das pessoas extremas, humanas, empíricas, são assim. Podem ser alegres e felizes, mas, também se transformam em infernos. Por que é disso que elas vivem. Da incerteza. Da voracidade. Da beleza. Das extremidades. Das emoções.
Quando crianças já se mostram astutas, e, desde cedo são incompreendidas.
“Mas esse menino é muito danado!”
“Como pode essa menina ser tão rebelde?”
As descobertas vão acontecendo naturalmente, as dúvidas aparecem freqüentemente e o “parquinho” da esquina se torna pequeno para tanta vontade.
Na escola todos se preocupando com as provas e ela pensando no porque das coisas, do mundo, da vida, dela mesma.
Esse tipo de gente tem seu tempo certo, não esta com a maré e tem horror ao senso comum.
Os anos vão passando e essa inquietude só aumenta, os porquês também.
O pensar se torna firme, com embasamento nas respostas e argumentos plausíveis.
Enquanto isso o ciclo continua.
O amor. O sexo. O desejo. A decepção. A coragem. O medo. A hipocrisia. As descobertas. A perda da memória. As escolhas. Os trabalhos. O sim e o não.
Mas a vontade de agarrar o mundo e a sensação de “vazio e cheio” continuam sempre ali... Lá...
Há pessoas que só existem, e, ao contrario dessas, há as que realmente VIVEM!